ANTIGA AVENIDA VARNHAGEM

Esta avenida levou o nome de Varnhagem em 18 de Julho de 1900, em homenagem ao notável administrador do Pinhal de Leiria, passando a José Gregório no dia 8 de Outubro de 1974. É a mais longa artéria da Marinha Grande, que estabelece a ligação rodoviária entre a Praça Stephens e a estrada para Vieira de Leiria.

Frederico Varnhagem foi um importante engenheiro alemão, nascido em Arolsen -Walde (Alemanha), em 24 de Fevereiro de 1783, que notável trabalho realizou no Pinhal do Rei.

Veio para Portugal a convite do Príncipe D. João, com a incumbência de instalar os "Serviços Nacionais de Mineração do Ferro". Organizou então as "Ferrarias da Foz do Alge", em Figueiró dos Vinhos, que se tornaram de importância estratégica para a política de defesa do Reino.

Formado em engenharia de minas, promoveu naquela fábrica, com grande sucesso, a produção de todo o tipo de peças de cutelaria até então importadas, armas de fogo diversas e, principalmente, peças de artilharia por fundição, que seriam a razão principal da instalação desta unidade industrial.

Por força das suas responsabilidades no campo da defesa da nação, Frederico Varnhagem alista-se no exército português, logo após a primeira tentativa de invasão das tropas francesas, em 1807. Logo nesse ano, e até 1810, combateu os franceses, estando mesmo na frente de batalha no Vimeiro, neste ano, na qualidade de oficial artilheiro. Nesse ano partiu para o Brasil, a convite do Conde de Linhares, com a missão de proceder a um gigantesco trabalho de engenharia. Tratava-se do levantamento topográfico do enorme território do Estado de S. Paulo. As obras de benfeitoria que, com competência e sucesso promoveu, durante esse difícil trabalho, mereceram-lhe a promoção, por mérito, ao posto de Tenente-Coronel.

Nesse período em que esteve no Brasil, entre 1810 e 1824, foi ainda Administrador das "Fundições de Ipanema", perto de Sorocaba, município do Estado de S. Paulo. No Brasil, nasceu seu filho Francisco Adolfo de Varnhagem, que seria reconhecido historiador no país irmão.

Voltou a Portugal em 1824, depois de criar fortes e duradouras raízes no Brasil.

É então colocado na Marinha Grande como Administrador do Pinhal Real, com nomeação por portaria de 17 de Setembro de 1824, fixando residência na Fonte Santa, a nascente do Tremelgo, precisamente na zona mais funda daquelas terras. Nesse sítio, organizou uma quinta onde dispunha de terras muito férteis e com muita água para a exploração agrícola que organizou.

Logo depois da sua chegada à Marinha Grande, mandou construir a residência administrativa, dentro do Parque do Engenho da Madeira, onde passou a residir oficialmente.

Autor de várias obras técnicas sobre o Pinhal de Leiria, nomeadamente o "Manual de Instruções Práticas sobre a Sementeira de Pinheiros", trabalho didático de grande utilidade, que serviria de escola aos Guardas Florestais. Escreveu também várias brochuras de carácter técnico de grande utilidade profissional.

Ainda durante o seu notável percurso profissional, exerceu o cargo de Diretor Geral de Minas, recebendo o título honorífico de "Couteiro-Mor do Reino". Pertenceu ainda à Academia Real das Ciências.

Entre os seus trabalhos de introdução ao futuro ordenamento do Pinhal do Rei, é de salientar a autoria da primeira quadratura da vasta floresta, criando assim os primeiros aceiros e arrifes na zona que tinha sofrido o maior fogo da história, que deflagrou em 21 de Julho de 1824, consumindo mais de 5.000 hectares de pinhal.

Merece também relevo especial o minucioso trabalho que efetuou entre 24 de Março de 1824 e a data do seu falecimento em Novembro de 1842, de organização e controlo do movimento de madeiras a partir do Cais das Tercenas do Rio Lis e o embarque das mesmas no Porto da Vieira com diversos destinos, com mais frequência o Arsenal Real da Marinha.

A passagem pelo Brasil de Frederico Varnhagem criou raízes muito fortes aos seus descendentes. O seu filho, Francisco Adolfo Varnhagem, nascido naquele país, foi um conhecido erudito, notabilizando-se como notável historiador e diplomata brasileiro (1816-1878). No decorrer da sua carreira diplomática, chegou mesmo a ser embaixador do Brasil em Portugal, para além de Espanha, Peru, Chile e Áustria. Ainda hoje esta importante família vive no Brasil, onde é respeitada e constitui uma referência cultural relevante.

Frederico Luiz Guilherme Varnhagem, que faleceu em Lisboa em 16 de Novembro de 1842, onde está sepultado, foi administrador do Pinhal de Leiria até ao final da vida.

Texto de Gabriel Roldão (adaptado)

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