– CRECHE PEREIRA CRESPO -

Ao fazer o seu testamento em 25 de novembro de 1907, já às portas da morte, José Luís Pereira Crespo deixou à Junta da Paróquia da Marinha Grande a importância de oito contos de réis, para que fosse criada uma creche que ficasse à responsabilidade desta Junta, que muito falta fazia à Marinha Grande.
Logo após a abertura desse testamento, a Junta da Paróquia, em face do legado, elegeu uma Comissão que procurou um lugar adequado à construção da desejada creche, por se tratar de uma grande necessidade para as inúmeras mulheres que por esse tempo já trabalhavam nas fábricas.
A "Casa do Grémio", edifício situado junto ao atual Jardim Luís de Camões, antigo Jardim do Passal, encontrava-se abandonada, quase em ruínas, e continuava a ser propriedade dos acionistas que ainda detinham os seus títulos.
Esta casa tinha sido mandada construir para instalar o Grémio Marinhense, provavelmente o primeiro clube a ser fundado na Marinha Grande, ainda no século XIX. Aqui se reunia a sociedade abastada da freguesia, até ao seu encerramento nos primeiros anos de 1900. A constituição social do Grémio era representada por ações divididas por todos os acionistas.
Verificando-se que o clube, em 1907, já estava extinto e a sede abandonada, a Comissão da Paróquia procurou negociar individualmente com cada sócio sobrevivo do Grémio, conseguindo obter a dádiva de todas as ações e tomando assim posse provisória daquela propriedade.
A responsabilidade da gestão da creche foi entregue a uma regente. Ali eram recebidas crianças entre os 2 e os 18 meses de idade, filhos de mulheres empenhadas no trabalho nas fábricas. O regulamento da creche precisava que "as crianças deviam ser tratadas com carinho e amor, procurando que estivessem sempre limpas e contentes!".
A instalação foi inaugurada a 5 de outubro de 1913, integrada nos festejos comemorativos da implantação da República.
A casa foi sempre centro de grande devoção e carinho por parte da população da Marinha Grande. Era o primeiro local público e com muita dignidade e qualidade, onde as famílias mais necessitadas punham os seus filhos, mesmo recém-nascidos.
Texto de Gabriel Roldão (adaptado)
